Não tenho a dimensão de
como me vejo ou como eu poderia ser. Lógico que me questiono e me coloco diante
da dúvida quando me encontro nas rebarbas da vida. Neto de português da Ilha da
Madeira [pais do meu pai] me considero uma pessoa tão simples como foram meus
avós e os meus pais. Sou matuto. Sou tupiniquim. Sou um chacareiro que ama o amar. Chacareiro
que vive o intenso desejo de cultivar o existir ao lado da menina veneno. O
retrato para o qual me pouso é o mais breve que posso revelar. Sou cobrado pelo
meu respirar muito próximo do passado, mas lhe garanto que vivo a serenata do
presente. Acredito porque sonho sonhos
tão reais que fogem da mesmice daqueles que acreditam que a vida é o toque de
mágica. O ser humano não é marionete para ser conduzido no seu sonhar. O
fundamental é acreditar que o impossível é ficção. E tenho dito que o ar que
respiro não é especial, mas é o meu ar. Ar que me deixa livre para caminhar e
dizer que amo o viver. Sou um naturalista e apaixonado pela terra. O grande lance
da vida é pontuar o imponderável. Ou seja, seguir a rota que te leva à
felicidade. Lógico que tem custos altíssimos quando você não a segue ao pé da
letra. Mas lhe garanto que é salutar porque você vive entre duas linhas bem
antagônicas. Há quatro décadas estou na estrada, mas nunca avancei a fronteira
nacionalista. Digo que cheguei bem perto, mas não tive o atrevimento ou o
desejo consumista de pular a linha do equador. Olha que já fui cobrado pela
minha atitude de retenção fronteira. Na adolescência meu sonhar era Irlanda, os
países nórdicos e Amazônia. Conheci, felizmente, um pedacinho do verde mais
verde do planeta Terra. Ah! Estava
esquecendo. Segredo de estado: na adolescência queria ser Noel de Medeiros Rosa.
O poeta da Vila Isabel. Saia pela cidade à noite [Jales] bebia e bebia à La
Noel e voltava para casa para poetizar. Sabe o que acontecia? Babava de tanto
dormir. Portanto, nunca fui um cidadão da noite. Amigos do Face
vou parar porque já virou egocentrismo. Na verdade, sou Copernicano. Sou
heliocentrismo.
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