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sexta-feira, 4 de março de 2011

Não há finito


por
vieirajr

O grande erro da humanidade é buscar a certeza. Não há certeza. O valor da humanidade se concentra no eterno. Você, eu e nós somos os eternos diamantes do Planeta Terra. A incerteza nos transmite luta por viver como se não houve o amanhã. Não quero aqui, advérbio de lugar, me apaixonar pelo incerto. Quero sim registrar o quanto é volúvel o nosso paraíso terrestre. No sobe e desce da escala social, o que nos resta é a simbologia da maresia. Digo a você que despretensiosamente passa os olhos pelas linhas deste rabiscar, o lugar-comum é viver sem intensidade. Digo a você que não há o pós. Digo a você que há o presente. O agora. O roteiro da vida é mutante. É mutável. É o nunca. Se eu disser a você que a vida é uma só, como poetizava o nosso inesquecível Vinicius de Moraes, não estou renegando o apagar das luzes. O que é irreversível. Estou inegavelmente lhe dizendo para viver o instante mágico do acelerador que pulsa nas veias que alimentam o pensar da sabedoria popular. O escrever é milênio como o amar é eterno o quanto durar. Não há janela para olhar o horizonte. Não há vida própria sem o pulsar dos versos urbanos de Noel Rosa e das palavras mágicas tão bem traçadas pelo maior escritor da língua portuguesa Machado de Assis. O que se observa neste, ou nesse, texto profano é que não regras estilísticas ou mesmo estruturais. Procuro, enquanto o ar entrar e sair dos meus pulmões com cinco décadas e meia, transformar a minha experiência e fantasia de criança. A vanguarda é soletrar suavemente as silabas do amar. É expressão tão em desuso no início do século 21. Como é gostoso, independente da raça, cor, sexo e outros,  dizer eu a amo. Ou eu o amo. É a emoção sobrevoando a razão. Não sou o descobridor dos dois Brasis, mas não tenho a certeza que sou o descobrir de mim mesmo. Você já descobriu que neste ou nesse texto há apenas um parágrafo. Não é de propósito porque não tenho a intenção de propositar as regras da dramaturgia gramatical e sintaxe. O que desenho hoje é o sonhar sem fronteiras porque a imaginação nasce de um olhar, de um clique. Nas minhas andanças pela minha memória frágil e pelos arquivos que carrego há décadas, descobriu que fugi dos meus sonhos pueris. Na minha curta fase de sonhar com os olhos bem abertos, tracei projetos de vida e profissional. Deixava de lado a minha fonte de divisas e buscava no sonhar a minha inspiração terrestre. Uma das crises de inquietudes foi fotografar o inusitado, o inesperado, o imprevisível. O nunca. É! O nunca. Tive algumas máquinas de retrato e câmeras fotográficas. Registrei fenômenos da natureza, beleza das mulheres, os inseparáveis amigos, o nada, o acontecer. Foi numa dessas andanças imprevisíveis, na  época em Jales, metade da década de setenta do século passado, que cliquei a imagem que você vê e diagnostica os traços poéticos que enfeitam o preto e branco do período militar. Tinha uma câmara fotográfica da marca Ricoh com lentes 55 e 200 mm. Perambulava pelas meretrizes de Jales a procura do nada. Passava algumas horas rodando os preâmbulos das infinitas ruelas esburacadas, onde a realidade existia. Há sim saudades nas linhas que escrevo com pouca habilidade poética, mas o que importa é que não estou só nessa empreitada do amar infinito. As notícias voam e deixam o rastro do ontem. O instante que você lê é saudade porque o silêncio do seu respirar congela o tempo. Deixo a você o desejo de decifrar a imagem que me inspirou essas, ou estas, linhas repletas de paixão, gratidão e alegria jovial. Ela, que guardo há mais de três décadas, foi um dos melhores trabalhos do improviso que fiz. Jamais gostei de clicar o previsto. O tesão é sair a procura do nada porque a vida não é recheada de certeza. A vida tem todos os tons, todas as luas, todos os sóis e todos os nós sem ponta. Cabe a você desvendar a beleza do primeiro beijo, do namoro no alpendre e do riso secreto. Cabe a você olhar o nada e observar que há vida logo ali. (julho 2009)

 Campo da Efa, 1975, goleiro é Wilson Zupirolli. vieirajr


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